janeiro 12, 2014

Adolfo Gutkin





Este argentino que ficou português   faz parte de um grupo cada vez mais restrito de pessoas a quem escutava  religiosamente .

Tal qual como  bebia as palavras de  Ruben de Carvalho, Lindley Cintra, David Mourão Ferreira, Maria Helena Valera ,  Prado Coelho.  Há quem utilize a expressão, “pessoas que admiro muito”, eu prefiro dizer, “ a quem amo muito”.

 Uns faziam de uma aula uma tertúlia, outros da tertúlia, aula. 


Foi na Tertúlia do Forte  que o reencontrei e a quem ouvi, “Cá estamos novamente nas catacumbas, neste lugar críptico, na caverna, numa cultura em trânsito”.


Dizem que em épocas difíceis as gentes se reprocuram , que existem muitas reuniões deste tipo pelo país. Que as pessoas voltam a sentir a necessidade do calor dos outros. E eu temo que até isso nos possam tirar, que se volte muito atrás, ao tempo em que tudo tinha de ser escondido, um tempo em que  mais de três pessoas na rua era um ajuntamento proibido, quando pequenas coisas, até um lembrete que se guardava no bolso ou se deixava cair à beira da mesa de café  podia ser recolhido pela pide e usado contra ti .


 Aqui fica o meu lembrete, uma nota escrita apressadamente num folheto amachucado – No abandonemos las ruas! – Só falta o acento argentino nos olhos azuis de Gutkin .

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