A questão da propriedade já intrigava More desde
criança. Contudo, ele acabaria por vir a tornar-se «relativamente rico»,
chegando a ocupar um cargo de «Tesoureiro» de Henrique VIII, o que nos leva a
crer que Thomas More teria sido um homem de opiniões controversas, no que se referia à
questão da ética da propriedade.
Em A Utopia ele explora a ideia de «propriedade», de
vários pontos de vista – a personagem Raphael Hitlodeu, português, aventureiro,
navegador, companheiro de viagem de Américo Vespúcio, considera injusta a
aplicação da pena de morte. Ele acha que esta pena não trará nenhum
«ensinamento» que leve o «ladrão» a respeitar a propriedade alheia.
Por outro lado, a pena
de morte vai contra a vontade de deus. Uma vez que, nem o ladrão aprende depois
de morto, nem qualquer outro pobre diabo, esfomeado, se inibirá de roubar.
Na realidade, nenhum usurpador
da propriedade alheia deixará de eliminar a testemunha do seu crime, já que a
punição será idêntica, quer ele a mate, quer não.
Além do mais, diz More, isso viola a vontade de deus. Deus
diz-nos – Não matarás! Contudo o ladrão – mesmo não tendo assassinado ninguém –
é punido com a pena de morte.
A distopia ou antiutopia é um conceito filosófico adoptado por
vários autores, como Robert Heinlein, Um Estranho numa Terra Estranha,
ou George Orwell, 1984 ,que retrata uma sociedade que se rege por
valores opostos aos da utopia.
A Utopia de Thomas More, além de nos dar uma ideia do que
terá sido a sociedade dos Tudor, levanta importantes questões sobre o ser
humano - o que andamos por aqui a fazer,
quem nos trouxe aqui, por que razões e com que fins…
Teria ele previsto que este tempo de «confinamento» nos haveria
de oferecer uma Terra mais limpa, mais
respirável, mais habitável?
MJC
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