Hoje encontrei a Rita. A minha
jovem amiga vinha a sair do cinema – tinha acabado de ver esse filme sobre Wall
Street, essa bela e inquietante metáfora sobre o mundo de hoje. Aquilo sobre o
qual já tantas vezes tínhamos falado, ali, com as cores brilhantes de Scorsese,
cores violentas da comédia humana dos nossos dias, uma comédia negra,
constatámos. O poder do dinheiro, esse enorme deus adorado por todos, perante o
qual todas as éticas e qualquer sentimento mais humano se ajoelham, para
satisfazer o vácuo, o vazio prazer do consumo, de tudo consumir e possuir,
fabricando ilusões que nos hão-de devorar em lutas fratricidas, guerras mais
terroristas que nunca.
Depois da bica e do pastel de
nata, para acalmar, falamos de mais uma fabulosa interpretação de Leonardo Dicaprio,
aquele miúdo que há uns anos era só bonitinho, de Jonah Hill, Margot Robbie, a
Rita sabe o nome deles todos.
Quando nos separamos, diz a Rita,
sabes, ando a pensar mudar de sítio. E vais para onde? Vou viver para um sítio
chamado Macroeconomia, que lá é que se está bem, dizem eles.
E eu , no meu passeio imaginário pelo parque das perdizes , senti-me de repente a trautear Zeca Afonso , rodeada dos vampiros do universo todo.
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