Quando
começámos a crescer e demos por nós a pensar que “ a família não dura sempre” e
que “eles não nos compreendem” inventámos os grupos. Não existimos sem o
grupo. O grupo não existe sem o símbolo.
Aos 11 anos a nossa identidade dependeu de uma espécie de farda desenhada pelo bando de meninas –torturámos as mães para que nos arranjassem saias de ganga , bem mais atrevidas que os desditosos
lacinhos cor-de -rosa colados na bata do liceu Maria Amália, passado um ano . Felizmente crescemos.
Mais tarde, acreditando que unidos venceríamos também fomos em grupos. Um pouco
como o woody allen , que diz que o pior que podia acontecer a um grupo era
tê-lo a ele como membro ,lembram-se? tive de me render à evidência – não tinha fé , não
acreditava.
Muitos
dos meus amigos utilizam a pertença a
uma tribo como truque para não ficar parado, ter um papel activo na
sociedade, poder mudar o mundo, arranjar emprego , oportunidade de negócios. Há
quem tenha escolhido a maçonaria, o opus
dei, partidos políticos, clubes de futebol, uma qualquer igreja - já na
catequese tinha tido a infeliz impressão que aquilo se tratava de um grupo mal
frequentado, mais uma clique aonde o
aparente se sobrepunha ao essencial.
Fazendo
um balanço da minha vida, tenho de admitir que o grupo a que consegui ser, intermitentemente, mais fiel tem sido o dos fumadores. Quando inventaram as salas de fumadores , era
aí que eu queria estar. Os fumadores eram quase sempre gente com quem se podia
falar, discutir ideias e rir de nós
próprios.
Imagino-me
numa solidão de netos e sobrinhos netos , a fumar aqui por casa, aonde eles não
virão, por preferirem a poluição da cidade, dos automóveis , de tudo o que é
legal.
Hoje
arrependo-me de não me ter rendido a drogas ilegais, daquelas que se podem usar
sem incomodar ninguém, sem poluir o ambiente, dar cabo da saúde dos nossos concidadãos.
Mas
vamos sempre a tempo. N’é?