Não, não é isso que estão a
pensar. É o tempo – o tempo que têm por conta deles – tempo para trabalhar, ler,
passear, muito mais tempo que nós. Já era assim no tempo da minha bisavó. Se, com
sorte, algumas tinham criadas – de dentro, de fora e sabe-se lá de quê, a partir
do momento em que decidiram ser autónomas, mostrar que também elas pensavam,
lixaram-nos. Assumimos a acumulação de funções, e nem sequer nos aumentaram os
honorários. O preço a pagar para não sermos parvas…
Oh, Virginias! Oh, Brownings!Oh, Plaths!
As
avós esqueceram as pianadas, as aulas de francês, algumas arriscaram ter a sua
própria mesada-produzir para alcançar alguma independência económica, mal sabiam
elas- começaram a acumular: gerir o lar, tratar das crianças a par de nine to five jobs. Aí se criou o mito do multi-tasking
feminino – Sim, que somos muito capazes de fazer várias coisas em simultâneo – à
custa de quê?
Logo se levantaram vozes- Cuidado, olha o casamento a ir por água
abaixo. Mentira, iam como sempre foram. Os homens nas suas coutadas, por jogos
de bridge e outras actividades
lúdicas. Elas a achanatar-se como diz
um amigo meu, muito do século passado.
Deixou de haver tempo para grandes
cabeleiras tratadas, para pensar muito nas modas. O corte à garçon deve ter nascido por essa época.
As saias mais curtas para se poder subir para comboios, autocarros e eléctricos,
antes de ter sido preciso aprender a conduzir para levar os filhos ao infantário.
Quantas das noivas que não ficaram por casar, aqui, nos anos 60/70, se viram a
braços com filhos pequenos enquanto eles partiam para a guerra. Esperavam, cuidavam,
sem saber se, quando e como voltariam.
A lo
mejor, não era isto que as sufragistas teriam desejado.
E no entanto, ela move-se. E no
entanto, tal como a terra é eterna, nós amamo-los.
How do I love thee? Let me count the ways.
(...)
(...)
In,Sonnets from the Portuguese,Elisabeth
Barret Browning
( poeta reconhecida desde 1840 , viveu em casa do pai, que a sustentava, desde que ela se
mantivesse solteira)
Sem comentários:
Enviar um comentário