Andava eu atrás da voz que
Oliveira Martins terá escutado numa daquelas tertúlias que tinham lugar à volta
da mesa – como em França – attristés
souvent, bien changés, les uns glorieux, les autres battus de la vie – e que ele traduziu por Vencidos da Vida.
Eça e a sua época, algum
paralelismo com os dias de hoje?
Numa tentativa de «ouvir a outra
parte», como me aconselha bastas vezes a mais jovem cá de casa, decidi consultar
várias fontes. Se nos dermos ao trabalho de olhar para A Língua e a Literatura Portuguesa,1959,
do Padre Arlindo Ribeiro da Cunha encontramos pérolas deste tipo:
Sobre mulheres
«…a própria mulher, não satisfeita de concorrer com o homem no
escritório, na advocacia, na repartição, na política, fez-se, como ele,
escritora e aparecem todos os dias livros para crianças, romances, contos,
peças de teatro e livros de versos firmados por nomes femininos.»
Sobre tendências actuais da literatura ( já no sec.20)
«Quando há prosa, pena é que se
ressintam algumas obras da falta de lima horaciana, e haja o romance, sobretudo,
agravado o sistema de Eça de Queirós
no que tem de menos aconselhável: o indiscreto pormenor na sexualidade. Entre
as boas qualidades que em geral se observam, é justo enumerar o rigor da
análise descritiva, o gosto da paisagem, a vivacidade do diálogo, o auscultar
das palpitações das massas populares, e muitas vezes, o espiritualismo
construtivo.»
Razão tinha o Eça quando n’O Tempo responde ao Correio da Manhã «Mas que o querido órgão,
nosso colega reflita que, para um homem, o ser vencido ou derrotado na vida
depende, não da realidade aparente a que chegou – mas do ideal íntimo a que
aspirava.» (…) In, carta de Lopes d’
Oliveira a Gomes Monteiro, 1944.
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