Era abril e
prometeram-lhes tudo. Liberté, egalité,
fraternité. Tudo coisas muito antigas. Logo nesse dia se reuniram os de
dentes amarelos, em tons perguntativos que não deixavam dúvidas, a não ser aos inebriados
pela luz da liberdade, da igualdade, da fraternidade.
Narizes
torcidos em rostos cinzentos, nesse mesmo dia perguntavam-se uns aos outros em surdina,
guturais.
– Libertéeeeee? Egalitéeeeee? Fra…quê ???
E os
inebriados e as inebriadas dos céus azuis de Lisboa, de cidades por aí, de
certas aldeias do norte em que o dia chegava só no dia seguinte. - Será
possível? Será agora que o meu manel não vai mais prá guerra? Será desta que a minha
mais nova vai ganhar o mesmo soldo de um homem? Querem lá ver que é agora que me
libertam o homem de Caxias? E libertaram.
Ao mesmo tempo se acoitavam os do quem vem poder o que só eu posso?
E ouve indícios, maiorias silenciosas, a reacção,
dizia-se. Os comunistas, diziam eles. A primavera de abril durou só até novembro.
Ainda há
quem espere, não pela manhã de nevoeiro, mas pelo dia mais longo, aquele em que
D. João II resolva atender o telefone e responda – És o povo que quer o mar que
é teu.
E o resto
são cantigas.
Votos de um Novo Ano cheio de esperança num mundo para todos, aonde o
imaginar e criar constituam também direitos a ter em conta .
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