Ser mulher é
a coisa mais bonita que se pode ser.
De há 22000 anos para cá bem podíamos estar um bocadinho mais
à frente - termos um lugar igual a outros seres, não separados por género –
como se não houvesse um dia das aves , mas apenas o dia da galinha.
Até ver,
todos os dias são nossos , das árvores, dos animais, das plantas.
Também há o
dia de finados- nem se sabe bem porquê, já pouco podemos fazer por eles, da terra
não se levantam.
Ainda se percebe o dia da Solidariedade com os Povos em Luta
contra o Racismo, ou o dia dos Povos Sem Governo Próprio. É muito capaz de
haver menos povos sem governo próprio do que mulheres com governo próprio…
Existe o dia do Mar, da Floresta Tropical, do Desarmamento (de
quem?) e o dia Mundial dos Animais.
Será o cérebro humano tão frágil que tenha de inventar estes lembretes, para que, pelo menos uma vez por ano, recupere questões deste tipo? Ou tudo não passa de uma hipocrisia pegada a
necessitar de corações reciclados?
Não tenho nada contra cães nem gatos. Por que
não festejar o dia do bicho? – nesta generalidade cabia de certeza a mulher.
Lembro-me do tempo em que o trabalho feminino era pago a
preço inferior ao dos homens, não apenas nas ceifas e na apanha do tomate.
Profissões consideradas «femininas» cresceram à sombra de salários miseráveis.
Tudo o que se referisse a trabalho com crianças ou adolescentes era
desqualificado. E quando os homens perdiam a vergonha e apareciam a ser
professores , por exemplo, as mulheres
eram preteridas – uma classificação superior não contava, caso a mulher fosse a
concurso com um «chefe de família».
Enquanto não tiver a certeza de que isto não volta a
acontecer, vou percorrendo o caminho de muitas contradições – lutar por um
futuro sem efemérides e comemorar o Dia da Mulher.
– Para todos, bom dia
do monstro !
Sem comentários:
Enviar um comentário