Está um frio pérfido. Mas este
computador arrasta-se numa lentidão de quarenta e dois graus à sombra. O que me
dava gozo, era atirar todos os bibelots
da estante abaixo, que eles atacam os livros como cortinas civilizadas do
poder. Ir a todas as lombadas, abri-los e misturar tudo em saladas russas não
enlatadas. Há palavras que merecem estar sempre à mão, páginas sempre abertas
para o mundo.
Como estas:
« (...) então disse-lhe:
-lendo-te submerso e brutalmente lobotomizado pelo pós-guerra, sinto-me
numa cidade de eléctricos lentos e cortes de luz onde reinam, sem competência,
burocratas de pistola à cinta e mediocridades perversamente intelectuais que só
chegam a alcançar alguma relevância porque a primeira fila da inteligência foi
eliminada.
e desta vez, frente a frente,
decidimos disparar os nossos revólveres e adoptámos atitudes receptivas e
excitantes, (…)»
In, Manuel de Almeida e Sousa,
Cantos do Corvo Negro
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