Não consigo ler sem sublinhar. Há
livros que vão sendo sublinhados, ressublinhados ao longo dos anos. Até acho
uma certa graça a este exercício, olhar os grifos (que palavra mais doida…) de há
30 anos e compará-los com os de hoje. Este livro, é a primeira vez que o leio.
Já realçada, apenas, a ternura que sempre me inspirou Eduardo Lourenço, pela
intervenção simples e humana, o respeito pela sabedoria de quem acaba por saber
que o que se sabe pode mudar amanhã.
A propósito de termos entrado “noutro
mundo, noutro ciclo, noutro tempo, em que “a tecnologia permite uma comunicação
universalizante e universal”, em que “gente fantástica” se encontra e “faz
amizades e blogues”, confessa o pensador- filósofo- poeta nunca ter imaginado
que “ isto pudesse ter este efeito de simultaneidade”.
– Universalidade? Pergunta José
Jorge Letria.
Resposta de Eduardo Lourenço – Agora é que começa a haver História
Universal.É a chamada aldeia global.
“ Um enriquecimento novo na história do mundo,
uma coisa fantástica, de progressão geométrica”, é como Eduardo Lourenço classifica
este novo paradigma da vida política. Sei
que realmente nada será como os paradigmas que nós conhecemos, diz. Desapareceu não só a democracia ideal de uns
pequenos eleitores, de uma pequena grande cidade chamada Atenas, que se vêem
todos uns aos outros quando vão votar. Portanto,
democracia directa não, nunca existiu, nem esta democracia de segundo grau,
representativa. E acrescenta – É uma outra História que começa. Ela é a
teia que se faz e desfaz continuamente e acabará por ser realmente uma outra
coisa.
A “habilidade humana ” que não
precisa ser demonstrada – já que a própria História não é mais do que
isso – a
capacidade de nos servirmos das coisas “espantosas” , “inumanas”, segundo Eduardo
Lourenço, está presente na nossa “
capacidade de recuperarmos o mal pela
criação, pela poesia, pela música”.
Pois é, logo hoje, que me sinto
alérgica a contactos virtuais e me interrogo sobre se devo deixar de contactar,
de ser contactada, via rádio, televisão, facebooks,
linkedins ou tweets, cá estou eu, blogging.
Também eu não consigo ler sem sublinhar! A propósito e já que o post é sobre o Eduardo Lourenço apetece-me referir o seguinte: sou frequentador assíduo da Associação 25 de Abril que ultimamente decidiu convidar para os almoços das 4ªs feiras, uma personalidade que considere ter alguma coisa de interessante a dizer-nos. Eduardo Lourenço foi o convidado de há umas semanas atrás.
ResponderEliminarLevei comigo o célebre LABIRINTO DA SAUDADE já lido em Janeiro de 1989! Não resisti a pedir ao Autor um autógrafo. Gentilmente Eduardo Lourenço antes de me deixar duas ou três palavras simpáticas folheou rapidamente o livro exaustivamente sublinhado e acrescentou:pelos vistos foi lido e bem lido!