março 15, 2014

Eduardo Lourenço, A História É a Suprema Ficção




Não consigo ler sem sublinhar. Há livros que vão sendo sublinhados, ressublinhados ao longo dos anos. Até acho uma certa graça a este exercício, olhar os grifos (que palavra mais doida…) de há 30 anos e compará-los com os de hoje. Este livro, é a primeira vez que o leio. Já realçada, apenas, a ternura que sempre me inspirou Eduardo Lourenço, pela intervenção simples e humana, o respeito pela sabedoria de quem acaba por saber que o que se sabe pode mudar amanhã.

A propósito de termos entrado “noutro mundo, noutro ciclo, noutro tempo, em que “a tecnologia permite uma comunicação universalizante e universal”, em que “gente fantástica” se encontra e “faz amizades e blogues”, confessa o pensador- filósofo- poeta nunca ter imaginado que “ isto pudesse ter este efeito de simultaneidade”.

– Universalidade? Pergunta José Jorge Letria.

  Resposta de Eduardo Lourenço – Agora é que começa a haver História Universal.É a chamada aldeia global.

 “ Um enriquecimento novo na história do mundo, uma coisa fantástica, de progressão geométrica”, é como Eduardo Lourenço classifica este novo paradigma da vida política. Sei que realmente nada será como os paradigmas que nós conhecemos, diz. Desapareceu não só a democracia ideal de uns pequenos eleitores, de uma pequena grande cidade chamada Atenas, que se vêem todos uns aos outros quando vão votar. Portanto, democracia directa não, nunca existiu, nem esta democracia de segundo grau, representativa. E acrescenta – É uma outra História que começa. Ela é a teia que se faz e desfaz continuamente e acabará por ser realmente uma outra coisa.

 A “habilidade humana ” que não precisa ser demonstrada –   já que a própria História não é mais do que isso    a capacidade de nos servirmos das coisas “espantosas” , “inumanas”, segundo   Eduardo Lourenço,  está presente  na nossa “ capacidade de recuperarmos o mal pela criação, pela poesia, pela música”.

Pois é, logo hoje, que me sinto alérgica a contactos virtuais e me interrogo sobre se devo deixar de contactar, de ser contactada, via rádio, televisão, facebooks, linkedins ou tweets, cá estou eu, blogging.

1 comentário:

  1. Também eu não consigo ler sem sublinhar! A propósito e já que o post é sobre o Eduardo Lourenço apetece-me referir o seguinte: sou frequentador assíduo da Associação 25 de Abril que ultimamente decidiu convidar para os almoços das 4ªs feiras, uma personalidade que considere ter alguma coisa de interessante a dizer-nos. Eduardo Lourenço foi o convidado de há umas semanas atrás.
    Levei comigo o célebre LABIRINTO DA SAUDADE já lido em Janeiro de 1989! Não resisti a pedir ao Autor um autógrafo. Gentilmente Eduardo Lourenço antes de me deixar duas ou três palavras simpáticas folheou rapidamente o livro exaustivamente sublinhado e acrescentou:pelos vistos foi lido e bem lido!

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