Uma
das coisas mais difíceis que me podem pedir, é que faça o meu perfil, que me
identifique, que diga quem sou, em suma. É que nem eu própria sei. Vocês sabem
quem são?
Serei
eu a freelancer que decidi ser, há
dois ou três dias, num esforço para me adaptar a gerir uma nova carreira? Uma
nova carreira, eu que só há muito pouco tempo decido preocupar-me com a gestão
da despensa cá de casa, de algumas lides domésticas em que devo ter até agora
atingido a magra nota de dez, um suficiente muito perto do medíocre, tem dias.
Não, estejam descansados que não vos vou impingir nenhum restaurantezeco na Avenida
da Igreja, ou uma tasquinha aqui à beira-mar onde vos pudesse servir os meus
maravilhosos jaquinzinhos fritos com arroz de tomate.
Não
se trata disso. Que deus vos proteja.
Também não decidi voltar a lides teatrais,
curtas experiências que tantas saudades me deixaram, sobretudo pelo tal caminho
da descoberta de quem sou. Ou terei sido, ou jamais serei, ou serei esta e as
outras, uma espécie de bolo de chocolate e baunilha, com camadinhas de cenoura,
de ervas agridoces que a vida cresceu em mim?
A
verdade não vos posso dizer, não vos quero dizer, que é uma coisa tão íntima,
tão intensa, isto de se optar pelo que se gosta, um gostar de paixão. Ainda
mais quando se reconhece nalgum passado de mais ou menos, aquilo não ter sido
nem de longe nem de perto o que se sabe que se pode fazer bem melhor.
Para ler e chorar por mais? Os leitores o dirão.
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