Numa
terra chamada Idilio, lá para a
Amazónia dos Shuar, existe um velho, Antonio José Bolívar, a quem a solidão
ensina a juntar as letras. Diz ele que prefere romances de amor. Bastam-lhe
poucos livros para lhe explicar o mundo, que o mundo que ele traz consigo é bem
maior que tudo o resto.
Esta
história trata do difícil diálogo entre os seres - quanto mais civilizados mais
ignorantes das leis naturais, mais afastados de si próprios, menos capazes de
entender o outro - quer o outro seja um homem, um gorila, uma onça , ou toda a
natureza que insistimos em governar á nossa maneira, sem pensar em todos os
habitantes minúsculos ou maiúsculos que ela alberga . Neste
útero, onde,nem se sabe bem porquê, fomos acolhidos pela tal suprema madre que
a civilização tanto esquece, bem podíamos atentar no exemplo de o velho que lia romances de amor.
--Como são os livros de amor?
-- Bem, contam a história de duas pessoas que
se conhecem, se amam e lutam por vencer as dificuldades que as impedem de ser
felizes.
Nunca
me tinha aparecido uma definição tão simples e tão abrangente - todo o amor é
assim, qualquer que seja o seu objecto. (pg 61)
Sobre outro assunto me sinto completamente do lado de Antonio José Bolívar.
A voz do narrador esclarece:
«
Os textos de história pareceram-lhe um chorrilho de mentiras. Era lá possível
que aqueles senhorecos pálidos, de luvas até aos cotovelos e apertados calções
de saltimbancos, fossem capazes de ganhar batalhas. Bastava vê-los de
caracolinhos de cabelo bem cuidados, agitados pelo vento, para perceber que
aqueles tipos não eram capazes de matar uma mosca. De tal maneira que os
episódios históricos foram desprezados pelos seus gostos de leitor».
Meu querido António Jose ,
recupero aqui um verso de Paul Geraldy (um piegas de1913, dirão alguns amargos) - Si tu m’aimais et si je t’aimais,
comme je t’aimerais.-
Quem
sabe não terás sido tu, Jose Bolívar, neste livrinho há muito tempo lido e
sobre o qual ficara a difusa sensação de ter gostado muito, tu Jose Bolívar e a
minha rica Prof. de História do LMA, Judite Pais ( ter- se-ia ela zangado com a História ou com as histórias que tinha de ensinar?)-
os que me levaram a descrer de
«historiadores»?
A
propósito de pessoas que lêem a História como uma Bíblia:
«Guardado está o pecado…» via Luis Sepúlveda -
Para isso é que servem os amigos. Para celebrar os dotes do outro. (pg 24).
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