“Benedetto Crrrroce! Ahhh!” grito de guerra da Professora Irene de Albuquerque que nós, imberbes criaturas acabadinhas de chegar do liceu, invariavelmente recebíamos com risadinhas de adolescentes parvas.
O que é arte? Pergunta tantas vezes repetida antes e depois de Croce. Segundo ele, a arte leva o sujeito (ou hei-de chamar-lhe vítima?) a reagir.
Se o urinol de Duchamp foi arte, ainda o será? Depende de quem depara com o objecto no meio da rua ou em qualquer corredor de galeria. A pedrada no charco, o precursor de muita coisa, terá sido. Acreditamos que existe no homem uma centelha de divino, e que ela está presente em cada acto criativo. Quanto mais o artista provoca no seu interlocutor o tal Ah!, mais ele está próximo da arte.
O objecto só é considerado arte em ligação com o sujeito que o apreende, depende do dia e da hora em que aquele se encontre com o objecto .
A vista de uma paisagem de bruma sobre um monte alentejano pode trazer um aperto no peito; a luz do luar na noite quente, um quase desvanecimento, a lassitude; as primeiras neves do ano, o olhar desfocado e húmido; e a respiração suspende-se junto ao ribombar da grande cascata.
Um urinol não passa de um urinol, pode ser inusitado ou até conter a tal mensagem que muitos incessantemente procuram na arte – “Nós urinamos, não passamos disso.” ou “Urino ,logo existo”.Provoca um Ahhh! `a Croce.
Mas existem outros tipos de ahhhs! O do basbaque, o do saloio a quem impingem uma performancezinha à maneira: uma sala vazia ou uma gaja encostada à parede durante 24 horas, - Cá eu preferia ir a Fátima, mas então…- O baboso ah! do crítico a quem pagam para ser intelectual e inventa termos elogiosos para descrever o indescritível (já inventariei alguns), o ahhhh! do subsídio, dos famosos, das cortes de boys e girls; raramente somos confrontados com gestos (1) de coragem, tipo “ Ah! O rei vai nú!”.
E por que via é que a arte se torna um objecto de consumo? Não tenho gráficos que o comprovem, mas menos pela unanimidade e mais pela polémica. Questões e memórias a propósito do que li .
(1) To the question, “ What is art?”, one could reply in jest- and it would not be a foolish retort - - that art is something that everybody knows about . Benedetto Croce.
E por que via é que a arte se torna um objecto de consumo? Não tenho gráficos que o comprovem, mas menos pela unanimidade e mais pela polémica. Questões e memórias a propósito do que li .
(1) To the question, “ What is art?”, one could reply in jest- and it would not be a foolish retort - - that art is something that everybody knows about . Benedetto Croce.
Pois o Croce! o espanto e admiração na génese do critério da arte. todavia tu própria notas que há muitas coisas que nos provocam espanto, ou sentimento e não são arte, e mais... o mesmo objecto pode ser considerado para uns arte e para outros não porque não provoca a tal admiração (chamo-lhe assim por não ter agora nome melhor) então se nada sentir face à 9ª sinfonia ela deixa de ser Arte?
ResponderEliminaraquilo que é digno, para nós de admiração, continuará a sê-lo. de uma certa maneira sim e de outra não. penso que essa a
admiração não se pode afastar de uma exigência intelectual, mesmo nada me dizendo a 9ªsinfonia é bela.como se a beleza não fosse apenas questão de sensibilidade.
a continuar, boas fotos
...É isso, para uns arte, para outros não. Porque é o "receptor" quem interpreta, sente, reage. O teu olhar ,ponto de vista é que decide. O Bethoven pode espernear, dar cambalhotas na tumba, que se tu um dia não o escolhes, já era.
ResponderEliminaroops!
É DEMAIS PARA MIM!
ResponderEliminarSó sei que ARTE é toda a criação que mexe comigo!
Se mexe com os outros é assunto que não me interessa,se mexer melhor,é mais universal,se não,paciência...mas que continua a ser arte,continua!
ARTEFACTORISTA