Em
conversas informais a plausibilidade da narrativa é frequentemente mencionada
como um dos parâmetros valorizado pelo leitor.
De
cada vez que oiço perguntarem a um ficcionista se o que escreve tem algo de
autobiográfico, sorrio interiormente – tem e não tem, nunca o saberás, é o que
menos conta.
Interessa-me que ele seja um fiel mentiroso, que me leve a
acreditar no inacreditável. Não raras vezes nos deparamos com a prova provada
de que a vida ultrapassa a ficção.
E não há história que não venha do viver, das vidas de antes e depois, daqui
e dali.
Quando
oiço falar de livros, também me encantam as pessoas que começam a fazer juízos
mais ou menos morais sobre as personagens, ele
não devia ter feito, ela, se estava casada com ele.... E sinto uma ternura
imensa por esse tipo de leitores, que jogam este jogo de ler, lendo tão sinceramente,
que espelham a sua própria moral e crítica de costumes na forma como lêem.
Lembro-me sempre das histórias infantis, moral
da história, diziam elas.
E
ponho-me a procurar mitos antigos, de sentimentos e sensações iguais aos de
hoje, ciúme amor, ódio, traição, dos reinos de Afrodite, Eros e Psiché, de Lâmias com dissimulados
corpos de serpente, de mulheres - bruxas, e apaixonadas.
Hoje descubro este
bocadinho de Keats que gosto de ler
sem me perguntar por quê.
" I was a woman, let me have once more
A woman's shape, and charming as before.
I love a youth of Corinth — O the bliss!
Give me my woman's form, and place me where he is.
Stoop, Hermes, let me breathe upon thy brow,
And thou shalt see thy sweet nymph even now."
Moral
da história,será a literatura um rio de pedagogia para a vida ou tão só mais
uma fonte de prazer que suscita interrogações?
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