fevereiro 11, 2011

Para-bens, tudo de bom povo do egipto!

A propósito da bela foto da reuters publicada aqui lembrei-me de como são perigosos estes momentos de júbilo  por serem quase sempre acompanhados de silêncios raivosos, dos que acham que dali nada de bom pode surgir. Desejo que todos, incluindo as mulheres daquele lado do mundo, encontrem o caminho certo para as liberdades merecidas.





Usar o hijab, como li em entrevista d' O Público, significa apenas “cobrir a cabeça, não esconder as ideias”.

Uma das reacções xenófobas que mais me confunde é certo ódio de estimação  perante determinadas maneiras de as pessoas se apresentarem. O ódio às saias compridas das ciganas com as crianças à cintura. O asco que provocava no Portugal colonial a visão de uma mulher de capulana. O torcer de narizes à vista de “ arejadas brasileiras” provocadoras de “mães de Bragança”. Comentários contra mulheres “ de trapalhada à cabeça”. Ora isto faz-me lembrar, não sei porquê, Eça de Queirós e as espanholas que escandalizavam as” mães de Lisboa” ou seria “do Porto”? 

 Na África portuguesa dos anos sessenta ,senhoras, provavelmente inscritas nalgum movimento nacional feminino, levantavam a voz em jornais que não se coibiam de publicar as suas escandalizadas reacções - que não havia o direito, que aquelas mulheres de crianças às costas, que se apresentavam seminuas, (segundo os seus padrões de climas frios) não tinham mais do que europeizar-se, vestir-se, em suma. Elas não encontravam beleza nos panos pintados, nem ternura no bebé transportado às costas. 

Muito mais haveria a dizer sobre o assunto, desde a questão dos estranhos deuses que nos separam até à análise histórica do tempo em que as mulheres portuguesas eram a impotência…dos poetas, mas reservo-me para o pequeno-almoço de amanhã, para mais uma saudável e sedutora troca de ideias matinal em que, já sei, vou dizer que cada um anda como quer, e, como de costume, acabarei a manhã vestida de protesto, desta vez de burka ou de hijab, quanto mais não seja na minha cozinha. 

Já agora vá aqui  e ali



3 comentários:

  1. Pois é!
    Viva a revolução no Egipto,abaixo burkas,hijabs,Ayatolas,califados,teocratas em geral,obscurantismos medievais...etc,etc.
    Historicamente,o Poder sempre usou instrumentos físicos e intelectuais para se eternizar.A burka é um desses instrumentos,que sujeita a Mulher muçulmana a uma sociedade de Homens.O resto é poesia!

    Homem

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  2. Ele há burkas invisíveis por tudo quanto é sítio. Por vontade do homem,toda a mulher seria sujeita ao seu poder.Teocratas ou não,muçulmanos ou não. Não passa disso, uma questão de poder . Pode ser que um dia a poesia chegue ao poder e o próprio amor seja verdadeiramente LIVRE!
    Agradeço a sua participação, caríssimo.

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  3. Não sei se isso continua tão assim,a vontade eterna de o homem querer dominar.É preciso analisar os indicadores que possam estar associados a esta questão,e começar a deixar de lado os palpites.A realidade é sempre mais vasta do que nós,do que pensamos e do meio sócio/cultural em que nos mexemos.Cá na nossa terra,olhe-se para o crescimento exponencial de mulheres licenciadas,em postos de chefia,a sua predominância no Ensino.Para quem pretende dominar,não é de grande esperteza permitir que isso tenha acontecido.Não acha?Ou se calhar é da opinião de que os homens são "burros"!Quem sabe?

    Candidato a burro

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