Nem todos nasceram com um PC à cabeceira. A
primeira vez que mencionaram estas maravilhosas máquinas à minha frente
referiam-se a enormes caixas de metal que ocupavam as casas até ao tecto – ali estavam
elas.
Nunca
me dei bem com maquinismos, botões, interruptores. Não gostam de mim e também
não morro de amor por eles.
Não
sei se foi o dever ou a teimosia que me levaram a aceitar o inevitável, a optar
por utensílios para além da caneta ou da velha máquina de escrever de que me servia,
mal, para escrever textos em stencil que
tinha que apresentar aos alunos em terra de poucos livros.
Quando comecei este blogue,
bem me lembro das dificuldades que me vi forçada a ultrapassar.
Mas
como com todas as coisas difíceis, congratulo-me por as ter suportado,
adoptado, ultrapassado, mesmo essa resistência afectiva – não entendia a gente
que até para a praia levava os últimos gritos da tecnologia, para quê, se a mim
me bastava a música das ondas.
Estas
vivências online encerram qualquer
coisa de contraditório. Lado a lado com traços bem individualistas deste nosso
“desenvolvimento” humano, prevalecem formas grupais de encontro – reunimo-nos
em blogues, em redes sociais, entre amigos conhecidos ou desconhecidos que
escolhemos como companheiros. Contactos virtuais que vamos abandonando ou
aprofundando consoante aquilo que aparentemente mais nos aproxima, hobbies,
políticas, formas de arte.
Conversas de café, com mais ou menos sumo, para
todos os gostos. A verdade é que não há assim uma tão grande diferença entre
estes e os antigos grupos do café gelo, da brasileira, das tertúlias do vává,
do riviera, das conversas em surdina no ruacaná, ou n’o meu café, a que não era
preciso jurar qualquer fidelidade, bastava mudar de mesa.
E a
distância, essa desapareceu,saltito por Alvalade, vou até à
Baixa ou a Campo de Ourique, sento-me com gente no Continental ou no Núcleo de Arte,
para lá do Cabo das Tormentas, à beira do Índico.
Ressuscitando
a célebre frase de antigamente que a entoação de Fernando Peça celebrizou – E esta, hem?
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