Quem
passar pela pequena galeria do CCB não se esqueça de olhar para o quadro que
representa o crítico.
Os críticos,
coitados, não são facilmente amados pelo artista. Lembro-me de como Stanislavski
acolhe com entusiasmo a tentativa de um actor se meter no papel do crítico,
certamente, pela aventura que será encontrar-se o artista com o seu
contrário, o seu inimigo. O actor, o pintor, o escritor ou o músico anseiam pelo
crítico, mas ao mesmo tempo rejeitam-no. Talvez porque o crítico coloca no
espelho a imagem que o artista não suporta. A sua falibilidade, o seu modo
incompleto de representar a vida, a sua falta de empenhamento.
O crítico é como
um professor paternalista, um cônjuge que nunca está satisfeito, quer sempre
melhor. Devemos odiá-los por isso, ou, pelo contrário agradecer a sua frontalidade,
e agir de acordo com?
Os media
são o mundo real, as personagens que os habitam não existem fora dele.
O
crítico também é vulnerável. Quem o ler com atenção encontra com facilidade
restos de antigos ódios ou, pelo contrário, de velhos amores. Há os que
preferem os homens e os que preferem mulheres, os que gostam dos bonitos e os
que não suportam os feios, os que acham que ser velho é saber mais e outros que
vêem nos jovens um terreno a desbravar que os atrai.
Não
é só Stanislavski quem, ao construir a personagem de um crítico, encontra uma insuportável criatura virada por
completo para a detecção de falhas alheias. Também o pintor presente no CCB,
cujo nome infelizmente me escapa, escolheu para ilustrar a figura de o crítico um gigantesco macaco no meio
de uma corte de seres igualmente ignóbeis.
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