maio 25, 2013

o crítico



Quem passar pela pequena galeria do CCB não se esqueça de olhar para o quadro que representa o crítico.
 Os críticos, coitados, não são facilmente amados pelo artista. Lembro-me de como Stanislavski acolhe com entusiasmo a tentativa de um actor se meter no papel do crítico, certamente, pela aventura que será encontrar-se o artista com o seu contrário, o seu inimigo. O actor, o pintor, o escritor ou o músico anseiam pelo crítico, mas ao mesmo tempo rejeitam-no. Talvez porque o crítico coloca no espelho a imagem que o artista não suporta. A sua falibilidade, o seu modo incompleto de representar a vida, a sua falta de empenhamento.
 O crítico é como um professor paternalista, um cônjuge que nunca está satisfeito, quer sempre melhor. Devemos odiá-los por isso, ou, pelo contrário agradecer a sua frontalidade, e agir de acordo com

 Os media são o mundo real, as personagens que os habitam não existem fora dele.
O crítico também é vulnerável. Quem o ler com atenção encontra com facilidade restos de antigos ódios ou, pelo contrário, de velhos amores. Há os que preferem os homens e os que preferem mulheres, os que gostam dos bonitos e os que não suportam os feios, os que acham que ser velho é saber mais e outros que vêem nos jovens um terreno a desbravar que os atrai.

Não é só Stanislavski quem, ao construir a personagem de um crítico, encontra uma insuportável criatura virada por completo para a detecção de falhas alheias. Também o pintor presente no CCB, cujo nome infelizmente me escapa, escolheu para ilustrar a figura de o crítico um gigantesco macaco no meio de uma corte de seres igualmente ignóbeis.

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