julho 01, 2011

Pedro Cabrita Reis

Pergunta O Público a Pedro Cabrita Reis: A arte continua, então, a ser um diálogo com deus? – Claro. Cada pincelada é o Big Bang original.


“O que conta é o caminhar. A linha do horizonte está sempre para lá dos teus passos.” Nada que não tenha sido evocado por outros, mas que, no caso, faz ressoar em mim a questão do inatingível, do “querer sempre caminhar”, como diz Pedro Cabrita Reis, “a vontade de caminhar”, não só a construção do caminho, único, camiñante no hay camiño, mas o desejo de chegar aonde se sabe que se não chega nunca – a deus.


Que a arte “sejas escritora, matemática, política, economista”, não passa desta conversa com deus, já me tinha sido revelado pela minha amiga, a escritora, que me descrevera um episódio passado com ela junto de um comboio que se afastava do cais, lentamente, em certa manhã de chuva de verão. Confessou-me que a rima  pobre de ti/ o não teres percebido/ que ali/naquele dia em que chovia / eu não chorei/ chovi lhe tinha aparecido como que por milagre e que ela não podia jurar de onde tinha surgido, se de algum livro antigo, lido há muito tempo atrás ou se de dentro dela própria se tinham derramado as tais palavras e que por isso nunca se atreveria a publicá-las.

Uma coisa é certa, há qualquer coisa de mágico em nós.

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