janeiro 12, 2015

Nuno Artur Silva




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  Não me importava de lá ter ficado, no teu espectáculo, ao pé daquele senhor que pinta computadores e daqueles músicos, um deles, o dos sapatos aceitáveis, tocava com o corpo todo e eu gosto de pessoas que fazem tudo com o corpo todo, pensam, escrevem, pintam, estão no palco com o corpo todo, para mim, a melhor forma de estar na vida. 


Também me tocou muito aquela tua frase, «chegares atrasado a toda a parte» - eu sei, meu, sei bem o que isso é. Há quem pense o mesmo de mim, mas eu discordo, claro. Eu não chego atrasada a lado nenhum, as pessoas é que chegaram atrasadas a mim. Eu explico – o melhor exemplo, talvez – quando  souberam que tinha publicado um livro, devem ter pensado que eu era dessas reformadas, sabes? – agora vou escrever um livro – Nem todos têm de saber que escrevo desde muito cedo, só alguns leram o que publiquei aos dezassete anos e claro que não posso andar a dizer a toda a gente do prémio que ganhei na escola primária, não sou nenhuma stand up ambulante, não achas?


Concordo contigo, a gente  nunca se atrasa, não senhor, os acontecimentos é que se atrasaram- o 25 de abril, por exemplo- devia ter sido mais cedo- , tens razão, a mim apanhou-me no último ano do curso de letras, sempre a pensar no teatro. 


O mal foi a minha avó não ter sido a minha mãe, ou seja, ela também estava desfasada do tempo - a minha mãe tão bem comportada, coitadinha e a minha avó a fumar pelos cafés e a convidar-me para o Nacional. Eu tinha uma paixão enorme pelo teatro, pela Eunice- mas o meu pai não me deixou ir, até falou latim e tudo, portanto o caso era mesmo sério- dura lex sed lex, disse. As crianças não podiam lá entrar,era a lei, e a minha avó a insistir que não havia problema, já tinha arranjado maneira de lá me enfiar pela porta dos artistas. Por isso é que só fui para o Conservatório depois da revolução. Ou seja, não fui eu que me atrasei, como há muito praí quem pense, foi o timing, o famoso timing…

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