Writer
and reader are only I and you, an urgent need to speak and an urgent wish to
hear, within the decorum imposed by astonishment that in the whorls of this
black explosion there is a silence where things can indeed be said and heard.
Esta necessidade urgente de que fala Marylinne Robinson vai sendo regida e amansada por
um misto de auto censura e perfeccionismo que a idade comporta.
Lembro a leveza com que aderíamos a
convites para publicar as nossas produções
literárias em páginas para jovens. Censura, já bastava a que
existia e nos surpreendia com cortes inesperados , é que a sinceridade
estava acima de qualquer suspeita e não queríamos saber de verdades
inconvenientes . Quanto à correcção do discurso, do estilo ou do verso,
contentávamo-nos com o correr da pena, e, às vezes nem corria nada mal.
Não se trata de uma página de novos! Disto se
reclama a página Initio que Filipe
Vieira edita em O Jornal,no Moçambique pré- libertação.Fundamental seria revelar talentos, receber o
que vier de jovens com algum valor e
alguma intencionalidade, expressa a posição de princípios de 68.
Lançávamos ao papel o tal desejo de ser escutados e se o resultado
fosse censurado ou o original mutilado (um truque habitual), a desilusão era
uma dor negra e selvagem. Mas nem a censura, nem a moral de costumes nos
impediam de pensar em liberdade. Eles tinham tido professores como António
Quadros , José Afonso. Alguns não estavam tão infectados pelo cinzentismo da
metrópole, o arbeit macht frei. Ser “artista”
não era ser imoral.
Maria de Lurdes Silva, Maria José Ferreira, Olga
Almeida,Celso de Vasconcelos, Eduardo Viegas, Jorge Barriga, Eduardo Pitta,
José Manuel Godinho, eu própria, participámos desta aventura .
A controvérsia na escrita, na fotografia ou
na gravura fazia parte da nossa forma de estar. Inesquecível, a carta aberta da
Olga Almeida a Eduardo Pitta onde classifica
certas intervenções dele como“masturbações
literárias” e o convida a “abrir horizontes” .
Publicávamos
poemas mais ou menos inovadores ,os de Fernando Paixão - deita
açúcar no café/ mexe / e acende um cigarro ; mais ou menos panfletários - o
meu olhar sobre o mundo com as palavras que encontrava – o
menino-fome/ aquele que não entra porque é negro/nem o outro que não estuda por
ser pobre/homens de rastos /como cães sem dono, escrevia eu, e pedia ao mar
- deixa-me
ser tempestade contigo;Jorge Barriga a conseguir
a síntese criativa - o céu
não tem espessura aos meus olhos/ e as asas pesam-me palpitantes do desejo de
voar.
E muitos outros, que será feito deles?
Só ultimamente tenho encontrado alguns desses
companheiros dos meus dois piores anos, piores, não sei. Quando se aprende tanto em
tão pouco tempo, vive-se bem. E, além do mais, fiz parte de um sonho que se
cumpriu.
Uma coisa é certa, não vai haver censura que cale o nosso
grito, nunca mais.
maria joão carrilho
Insha' allah, no sonho e no futuro!
ResponderEliminarIbnmukane