Hoje
é daqueles dias em que o céu azul brilha lá fora e cá dentro as nuvens carregam
de chumbo, só falta começarem a chover lágrimas de desenhos animados que se
juntem num rio que leve tudo à frente. O tal rio que tudo arrasta, és meu amigo
Berthold?
Na
blogosfera tudo é pouco importante. Tudo não passa de curtos textos, que quem
quer escreve e quem quer lê. Quem escreve disponibiliza e quem lê
disponibiliza-se. Não deixa de ser bonita, louvável, esta atitude, tão rara
entre pessoas. Estas salas virtuais que visitamos não nos obrigam a nada.
Entramos, sentamo-nos, ou não, ou só espreitamos os títulos. Podemos falar ou
ficar caladinhos no nosso canto, sem trair o que se sente num olhar de
reprovação, ou de paixão.
É
uma vida de mecanismos, a vida que imagino para os cibernautas, rodeados de bits
e de bites, em clareiras a que acedem atravessando círculos de máquinas,
máquinas de lavar loiça, roupa, automóveis, eléctricos, bimbies gigantescas, fritadeiras,
helicópteros e bicicletas, máquinas de som, numa floresta de neons.
Cá
eu gosto de aqui vir, à blogosfera. Mas tenho que os avisar, meus caros, odeio
blogues com música ambiente, claro que gosto de música, mas se abro uma das
vossas páginas e sou obrigada a escutar um som que nada me diz, retiro-me pois
claro, e às vezes até gostaria de lá ter ficado mais um bocadinho, estava a
gostar da conversa. Do mesmo modo, os labirintos me dificultam a vida, eu
explico, abre-se uma página que remete para posts do passado e do futuro, que
deveriam abrir ao segundo de um clique, mas não, parece que a internet deles é
mesmo um caminho longo, será por estarem em África? E pronto, lá vou eu para nenhures,
em vez de ficar a saber como é que vocês andam, por aí.
Afinal
o azul deste Fevereiro não desistiu, acaba de entrar aqui na sala.
‘Tá-se
bem, no éter.
Tá-se bem aqui. Os neons passam a uma meia-luz amarelo torrado e a única banda sonora é a nossa voz de leitura.
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