julho 13, 2012

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No entiendo, no entiendo, no te conviene, no te conviene, respondiam as madres, tínhamos nós 7 ou 8 anos e procurávamos desculpas para o que não queríamos perceber.

   Quando me convenci que posições deste tipo eram as tais que chegavam ao ponto de provocar mortos e feridos, a minha Prof. de português já tinha desistido de me tentar convencer que a guerra podia ser uma coisa estética – só se for vista de outro planeta, pensava eu -.

  Acreditei durante algum tempo ser a comunicação a chave de todas as pazes.

Bem se vê que não, que por mais cimeiras, conferências, encontros inventados pelos homens , as guerras nunca acabarão. Os biólogos encontram uma explicação, os linguistas outra, os sociólogos e os historiadores lá terão a sua, o Nuno Crato ou o Gonçalo Tavares, serão até capazes de encontra a tal fórmula que o explica. 

Podemos sempre procurar culpados - os gorilas,os padres,hitler, babel...

Terá sido o ponto de vista de mim mesmo, ser eu o centro do mundo o que terá dado cabo deste mesmo mundo?

  Esta posição estratégica, egoísta, egocêntrica e muito esperta quando o nosso interesse é fazer calar o outro, cortar a comunicação?

Mas nem são precisas frases. Basta enunciar palavras, fazer uma lista.

 50 pessoas armazenadas
 casas de banho improvisadas
 afro descendentes
 guiné-bissau
 conakri
 corrente eléctrica  curta
 comer nos joelhos e à luz da pilha
 cidadãos de segunda
 famílias para alimentar

E toda a gente percebe.

Empresas grandes e poderosas compram a intermediários o trabalho de trabalhadores que prescindem dos seus direitos para poder dar de comer aos filhos.

A comunicação existiu? Falta a paz.

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