Difícil, em Alexandre O' Neill , decidir qual o poema que mais fala comigo. Neste momento , será este. Lembram-se?
Agora Escrevo
Que queriam fazer de mim?
Uma palavra,um gemido obsceno, Uma noite sem nenhuma saída,
Um coração que mal pudesse
Defender-se da morte,
Uma vírgula trémula de medo
Num requerimento azul, azul,
Uma noite passada num bordel
Parecido com a vida, resumindo
Brutalmente a vida!
A chave dos sonhos, o segredo
Da felicidade, as mil e uma
Noites de solidão e medo,
A batata cozida do dia-a-dia,
O muscular fim de semana,
As sardinhas dormindo,
Decapitadas, no azeite,
O amor feito e desfeito
Como uma cama
E ao fundo -- o mar...
Mas defendi-me e agora escrevo
Furiosamente, agora escrevo (...)
in, Surrealismo e Abjeccionismo, antologia seleccionada por mário cesariny
O'neill diz o que eu gostaria de dizer, um dia, talvez, mas não posso, e este eu são todos os eus às voltas com "o modo funcionário de viver"
ResponderEliminarbjos, bom ano!