novembro 03, 2014

ler poetas



Conversar com um poeta, pode ser uma espécie de abril em paris sem sair de s. bento. Ainda que muitos dos «meus» maiores poetas já não frequentem o mundo dos vivos, a alma cá continua e essa facilmente se encontra  no papel. 


Nunca quis estar com aquilo a que se chama «um grande poeta», imaginem, se não se gosta do cheiro dele? Ou dela? Em que estado ficariam os poemas? 

Ler um poema ,uma banho de espuma em que nos deixamos ficar na água tépida a  adormecer de prazer. Uma imersão em  palavras que nos invadem a pele, os poros e por ali ficam, tantas vezes para sempre. 

Discutir se se deve chamar a um poeta «o» poeta e a uma poeta «a» poeta ou « a poetisa» ( palavra um bocado abominável) é capaz de ser tão irrelevante quanto discutir o sexo dos anjos. Vejam lá, que a um poeta de fraca qualidade se chama poetastro, e para este, sim, existe a forma feminina. Esta história do género, é muito complicada, como diria alguém que conheço. Então penso em inglês, a poet is a poet, e pronto. 


Aqui fica um poema de Maria José Matos, das tais com quem se pode ir a paris sem sair de casa.


Cinco Sentidos

Toco a tua alma
ao de leve
e oiço
o sorriso
que nasce
nos teus olhos

são doces
e sabem a azul
os teus olhos

por isso
quando toco
em silêncio
a tua alma
vejo o perfume
das rosas
a tomar
devagar a forma dos meus dedos
in, Antologia de Poesia Contemporânea, Chiado Editora


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