abril 03, 2014

Mário Viegas diz Jorge de Sena "*Carta a meus filhos..." .




Cada vez mais encontro pessoas em cafés, livrarias ou jardins públicos a pôr em causa o estado a que isto chegou . Já não precisamos de convocar gente para o Rossio. O país é uma Praça aonde muitos desabafam. Depois de um sorriso cúmplice na caixa do supermercado –  que este povo não perde nunca a veia provocatória –  Não obrigada, não preciso de um Audi – e assim evoluem as conversas, os desabafos -   Que a gente não aguenta. 
Ainda ontem assisti a uma conversa com jovens. Jovens que lêem, por exemplo, este livro que sistematiza caminhos:

 -1- Identifica quem tem o dinheiro e as armas , ou seja, quem detém o poder. 

2- Faz o que podes fazer quando se deparar a oportunidade ( enquanto não to proibirem). 

3- Solidariza- te e age,  ajuda uma família atingida pela crise económica.

 Há quem não leia  nada, mas se interrogue, que 50 anos de crise começa a ser demasiado no horizonte de quem tem vinte e tais. Os portugueses são burros, dizem , votam sempre nos mesmos. – E tu, não és português? – Votar ou não votar, é o mesmo. Difícil, ouvir isto. Sobretudo para alguém que pensa ter conquistado o voto, a democracia. Alguém que conta  como era , não se poder falar, não se poder escrever, cantar, votar, ou na hora do voto haver uma lista única.
  Atrevo-me a acrescentar mais um aviso - as artimanhas no discurso são muitas, os significados atribuídos às palavras, nos seus diversos usos , formas e contextos são mesmo uma armadilha, oiçam os comunicados do governo, a bulha à volta do  termo"reestruturar", ou do  significado de   "permanente". 

 Pelo menos isto, não nos tirem, a nossa querida língua - mãe, mater tão dolorosa deste presente.


Para quem ficou a gostar de Jorge de Sena, o tal poema  que oferecia aos alunos pelo Natal...Agora já entendem  tudo ?

2 comentários:

  1. Quando há dias deparei com aquela sua referência à CARTA AOS MEUS FILHOS SOBRE OS FUZILAMENTOS DE GOYA, fui naturalmente até ao Youtube para ouvir este video do Mário Viegas. Mas não me satisfiz. Quis lê-lo devagar saboreando bem a beleza dramática das ideias e das palavras! Decidi enviá-lo para o meu grupo de amigos, apesar de duvidar que todos o leiam!

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    1. Há quem pense que a poesia é para ser dita. Será . Mas também a prefiro lida , no silêncio do meu próprio coração .

      Obrigada Aniper, pelos comentários.

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