março 25, 2014

Camões e o marketing



De cacilheiro para a Trafaria, a resgatar a Pátria, qual Joana Vasconcelos, lá vou eu. 

Mas o Tejo não é só o Tejo, é o mar inteiro, de águas geladas desta manhã ainda madrugada, não aquela triste e leda, mas esta acinzentada de gente ainda quente da cama, saída à pressa de lancheira para o trabalho. Camões, grande Camões, quão semelhante acho teu fado ao meu, dizia o outro. E deste-me uma grande idéia, olhos azuis. Cá vou eu, pés bem firmes na amurada, num último olhar à sombra enevoeirada do Bugio. Em mergulho Olímpico.
Os fugazes, adormecidos viajantes desta Caravela, movimentam-se no convés quando ouvem o splash, – Homem ao mar! – um eco em qualquer parte  – não é homem, não, é uma senhora. O rio cheira que tresanda. Rodeada de óleos, ensaio um crawl atlético, nunca foi o meu forte. Passo o manuscrito para a outra mão quando me viro para nadar de costas, devia ter treinado uns dias antes nalguma piscina municipal. 
A imagem de D. Sebastião, ao fundo do corredor, a chegar, a receber Camões, a abraçá-lo. Alucino? A meu lado as musas cheias de ciúmes, a complicar-me a vida, a ver se me afogam. - Ó Tágides, eu só queria que o Rei ouvisse o que tenho a dizer, que ele lesse este volumezinho. – Qual rei, sua idiota? – O rei sonhador, o do V império, o seu beneplácito basta-me para quinhentos anos de fama.

 – E você está a ver alguém, nalgum Palácio da capital do reino, capaz de sonhar?

Desculpa, lá ó Camões, somos todos teus filhos, e eu adoro-te.

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