dezembro 28, 2013

este céu azul deste inverno em portugal




Era abril e prometeram-lhes tudo. Liberté, egalité, fraternité. Tudo coisas muito antigas. Logo nesse dia se reuniram os de dentes amarelos, em tons perguntativos que não deixavam dúvidas, a não ser aos inebriados pela luz da liberdade, da igualdade, da fraternidade. 

Narizes torcidos em rostos cinzentos, nesse mesmo dia perguntavam-se uns aos outros em surdina, guturais.
  – Libertéeeeee? Egalitéeeeee? Fra…quê ??? 

E os inebriados e as inebriadas dos céus azuis de Lisboa, de cidades por aí, de certas aldeias do norte em que o dia chegava só no dia seguinte. - Será possível? Será agora que o meu manel não vai mais  prá guerra? Será desta que a minha mais nova vai ganhar o mesmo soldo de um homem? Querem lá ver que é agora que me libertam o homem de Caxias? E libertaram.

 Ao mesmo tempo se acoitavam os do quem vem poder o que só eu posso?

 E ouve indícios, maiorias silenciosas, a reacção, dizia-se. Os comunistas, diziam eles. A primavera de abril durou só até novembro.

Ainda há quem espere, não pela manhã de nevoeiro, mas pelo dia mais longo, aquele em que D. João II resolva atender o telefone e responda – És o povo que quer o mar que é teu.
  
E o resto são cantigas.

  Votos de um  Novo Ano cheio de esperança num mundo para todos, aonde o imaginar e criar constituam também direitos a ter em conta .



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