março 21, 2013

noite da poesia



 “(…)que a poesia é, por certo qualquer coisa de  infantil, de mnemónico, de auxiliar e inicial.

Bernardo Soares, O Livro do Desassossego, 18-10-31



As raparigas percorrem o prédio inteiro, de mãos dadas em danças de roda , escada acima , escada abaixo, invadindo as varandas  entrando por um quarto , saindo por outro. As raparigas não estão autorizadas a sair depois das dez da noite e nem têm jardim. Porque é primavera, cantam  – a primavera vai e volta sempre/ só o inverno vai não volta mais.


Estas e outras cantilenas associadas à primavera , a rituais de dias mais longos, aclarados de risos e brincadeiras, de vestidos de folhos , saias curtas, de correrias pelo campo grande fora, o nevoeiro a desfazer-se mais cedo na caminhada até à universidade.


Ainda bem que à poesia associamos este renascimento, esta alegria, mesmo que os poetas nos façam tantas vezes chorar. Quem nos dera uma lágrima , daquelas bem quentes .Há gente que já nem consegue chorar . E os poetas , tão bem que falam disto.

 Para muitos, a poesia já não é só de meninas primaveris, de flores nos cabelos.
mjc

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