“(…)que a poesia é,
por certo qualquer coisa de infantil, de
mnemónico, de auxiliar e inicial.”
Bernardo Soares, O Livro do Desassossego, 18-10-31
As
raparigas percorrem o prédio inteiro, de mãos dadas em danças de roda , escada
acima , escada abaixo, invadindo as varandas
entrando por um quarto , saindo por outro. As raparigas não estão autorizadas
a sair depois das dez da noite e nem têm jardim. Porque é primavera, cantam – a
primavera vai e volta sempre/ só o inverno vai não volta mais.
Estas
e outras cantilenas associadas à primavera , a rituais de dias mais longos,
aclarados de risos e brincadeiras, de vestidos de folhos , saias curtas, de
correrias pelo campo grande fora, o nevoeiro a desfazer-se mais cedo na
caminhada até à universidade.
Ainda
bem que à poesia associamos este renascimento, esta alegria, mesmo que os poetas
nos façam tantas vezes chorar. Quem nos dera uma lágrima , daquelas bem quentes
.Há gente que já nem consegue chorar . E os poetas , tão bem que falam disto.
mjc
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