No outro procuras o que não és. Na verdade, tu não existes sem o outro, a tal luz que te ilumina, sou eu.
Por isso também eu te escolho a ti, Bernard, o que junta frases, o da melancolia que conta histórias. Tu, que sentes o corpo atravessado por estranhas oscilações e vibrações de simpatia que te convidam a abraçar estes rebanhos humanos.
A ti, que conheces vagamente toda a gente e não conheces ninguém , preocupa-te sobretudo a rapariga que nesta rua lateral espera alguém. Por quem espera ela? E indagas num discreto murmúrio, por que há mulheres a jantar sozinhas. Quem são elas e o que as terá trazido aqui esta noite. Quem são esses desconhecidos?
Por isso eu te escolho Bernard, também eu procuro em ti o que não sou, para perceber o meu lugar na luz.
E dependo das palavras, como uma maldição. “ Se ao menos tivesse nascido sem saber que uma frase se segue a outra frase, talvez tivesse conseguido ser alguém “ .É isso , Bernard , “ Quando não vejo as palavras enrolando-se à minha volta como anéis de fumo, mergulho nas trevas e não sou nada. “(pg 106).
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