novembro 14, 2010

Mas o que é que mudou, caraças?

Eu e a Maria Velho da Costa fomos perguntar a um polícia de pingalim porque estava tanto carro com polícias. “É o julgamento das três Marias e elas devem ir presas.”

Como sempre atrasada a ler jornais. Ao Domingo ainda O Público de Sexta, reportagem de São José Almeida. As Novas Cartas Portuguesas e a sua reedição para o povo, que recomendo a quem se queira dedicar ao exercício de responder à pergunta do título deste post.

E se olhar à sua volta, num parque infantil , na praia ou no centro comercial constatará que de uma série de famílias à sua escolha, a maioria continua a imitar os prazeres de antanho. A mãe assalariada, agora com mestrado ou licenciatura, que sai a correr de um from 9 to 5,( 5, na melhor das hipóteses , que para não ser despedida ainda faz horas extra) com um pai que ,como agora dizem “ajuda muito em casa”. Essa ajuda consiste muitas vezes em calçar os chinelos em frente à televisão, que eles andam sempre muito cansados, incapazes de dar uma mãozinha na hora do jantar ou de tirar as crianças do banho.

Muitas de nós estarão a pensar – comigo não é assim, ele até participa. Participa q.b., coisa que não admitimos nem à nossa melhor amiga . Isto está com ar de guião de o sexo e a cidade. Este tom é quase feminista. Vejam lá, não indisponham o macho, que é bem capaz de amuar e vocês não podem passar sem uns miminhos ao deitar, mesmo ensonadas e com dores nas costas de terem andado a estender roupa na corda, entre uma pesquisa para o trabalho e uns rabiscos no bloco da lista de compras .

Pois os maridos que afirmam com ar calimérico “ Que injustiça!”, têm a apoiá-los ,além dos da sua classe, todas as barbies do mundo, a começar pela mãe deles e a acabar em comentários blogosféricos como os que registo aqui e a que não pude deixar de reagir. Ele há muita gentinha idónea a achar que o feminismo, não senhor, os tradicionais modelos femininos, sim senhor, “ajustam”as personalidades, equilibram. E tu, se estás a pensar em queixar-te como as tais três marias que insultaram a potência do homem português, tira daí o sentido, vê lá se ainda ficas lésbica.

Então o que é que mudou? Há anos que não vejo nem pides, nem censores, nem polícias de pingalim, como o capitão maltez que perseguia estudantes universitários. Pode ser que eles existam, a mim é que já não me metem medo.

4 comentários:

  1. o feminismo ainda está actual sim senhor, e essa expressão se és feminista és mas é lésbica! é mesmo sinal dessa coisa transversal e mal cheirosa chamada tacanhez de espírito...contra os canhões? MARCHAR, MARCHAR! eheheh

    ResponderEliminar
  2. A ti ou a tu,grande escrava das lides da casa,burra de carga da família,vítima silenciada das brutalidades de um marido boçal,eu presto a minha homenagem e manifesto publicamente a minha vergonha e arrependimento e a de todos os machos do planeta,do Universo!
    Oh Maria Velho da Costa,oh Teresa que não me lembro do apelido,oh...oh...???...continuemos que atinei, feministas dos anos 60,oh lésbicas e hetero de lutas pela liberdade da mulher escravizada,mea/nostra culpa de machos castradores,meninos da mamã,continuai nos vossos protestos,nas vossas indignações,que,digo eu,haveis de ir longe,muito longe.
    Assim é que é!Não vos junteis aos malvados,na luta contra a injustiça da repartição,cotra a exploração,contra a orgia da liquidação dos recursos naturais,contra o comércio injusto,etc,etc,etc.
    Pugnai sim,em bloco,cerradinhas,sem submarinos peludos,que,repito,ides bem,ides longe............................

    YELLOW SUMARINE

    ResponderEliminar
  3. Caro anonymous,
    As "indignações" são globais, não se pode abandonar nenhuma causa para responder a outra. Todas são urgentes, como quando queremos desmanchar uma teia urdida durante muitas vidas - há que desfazer vários nós e puxar todos os fios que a sustentam. Comprove, des-tricotando, vai sempre a tempo.

    ResponderEliminar