fevereiro 23, 2010

Arrumos e desarrumos. A ordem , individual?



Repartidos pelas estantes, finalmente. Mas sinto-os desconfortáveis, apertados, arrumados. Alguma desarrumação é precisa.Ter aqui à mão o poeta dos Açores, e a Virginia Woolf. Um quarto que seja meu, como o sonhei. A Lou Salomé, onde está? Gostava de a perceber perto, amo-te oh vida oh misteriosa vida, numa capa amarela.Pronto, ok. Tudo por ordem alfabética, em prateleiras de, géneros? Talvez. No fundo dispostos à volta de eles próprios. Os poemas (ou os poetas?)  com as bíblias. Os teatros, e, aparentemente fora-da-mãe, alguns, muito poucos, de que me socorria para tentar colar o que está escrito ao que acontece.
André Maurois, História de Inglaterra, Atlas de Bolso Historique da Stock, tenho um fraquinho por Atlas. Alguns filósofos cá em baixo, a suportar tudo o resto. Tem lógica, não?

Recordo conversa de aula do Prado Coelho, filho, que o pai não se perdia em cavaqueiras, sobre como arrumar livros numa estante.Seria a propósito de Barthes. Dizia ele que até podíamos optar pelo critério das cores, das alturas das lombadas, mas eu discordo, repugna-me sacrificar a estética do pensamento lógico à estética da imagem, da escultura, da decoração, mas já sou capaz de imaginar a Agustina perto de Camilo Pessanha, como também me apeteceria que Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro convivessem numa mesma prateleira.
Isto não significa que por vezes não tenha preterido a “ lógica da teoria da literatura” a favor da "estética da emoção". Haviam de ver a minha estantezinha apelidada de “ curiosos”, como eu os adoro, a estes livrinhos, antigos, de capa dura, gravada a ouro velho, habitados por tesouros singulares.

 O Theater-Bilderbuch, letra gótica que te oferece o texto dramatizado do Capuchinho Vermelho, acompanhado de uma dessas esculturas em papel cartonado, onde uma cena do conto se desdobra em 3d ao abrir o livro: no palco, o ingénuo Lobo em primeiro plano, o Capuchinho, lá atrás, caminhando despreocupada pela floresta.
E as Cartas de Soror Mariana da Colecção Lusitánia,  a mais selecta, económica e elegante de quantas se têm editado em Português, no mesmo volume, a Carta de Guia de Casados de D. Francisco Manuel de Mélo, pois, com acento. Os meus pequenos tesouros, alguns dos quais ainda não li, outros, pelo contrário, já foram livros de cabeceira ou de combóio, como os  Some Sayings of the Budha da World’s Classics, que terá sido oferecido a uma Anne Pauline por sua Mummy, e mais tarde a alguém, with love. Vidas, bilhetes de combóio, viagens, quantas, dentro dos livros.

2 comentários:

  1. Cada livro é, por si só, uma viagem, não é?

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  2. Quem é amigo... quem é?A propósito de alguns "pequenos tesouros" da secção de "curiosos".
    Já agora apetece-me dizer que, a morte anunciada do livro,profecias de Bandarras de má fornada,não sucedeu.Aflige-me é a publicação de tudo a propósito do nada!Eu explico-me!Actualmente,cá na nossa terra,parece que basta aparecer com mais ou menos frequência nos forums dos "famosos",para se obter carta de auforria para publicar toda e qualquer escrita de cordel,que não interessa a nada nem a ninguém...se calhar nem ao autor.Evidentemente que não estamos a pensar em dinheiro!

    Euro

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