abril 13, 2011

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 À procura de respostas para o presente ou de links para o passado, lá fui. Quando o que se quer descobrir é o caminho para uma democracia distante desta, deste podre estado de coisas, buscamos a esperança lá atrás para seguir em frente. Nostalgias, dirão alguns, mas perante o triste espectáculo do presente, ando às voltas pelos comités de bairro, as associações de cidadãos, interrogações partilhadas, escolhas mais conscientes, autarcas, deputados, ministros, que não possam fugir às responsabilidades porque tomam café connosco na leitaria da esquina.

Era assim que nós imaginávamos o mundo, não estes senhores que se recusam a andar de avião em classe turística. Saloios.

A Catalina, “esse tempo, ninguém mo tira”, “estás na mesma”. Naquela época via-a muito mais velha que eu, não era tal, mas muito mais sábia. Os serões, em que eu tirava apontamentos num caderninho (para não me esquecer de como se fazia a revolução?) e lá para as tantas sacava do meu iogurte guardado na mochila. Tudo acabou naquela noite em que ouvíamos os tiros da polícia militar e telefonavam insistentemente de um hotel da capital. Isto não é segredo, pois não Catalina? No dia seguinte voltámos a ser um pouco secretos e houve quem quisesse impor regras para a clandestinidade… podem sorrir.
Não desistas, a Catalina ia falar sobre não desistas. Quis lá estar para me confirmar como não desistente e para acenar a minha bandeira do não desistas. Ouvimos da tragédia dos Andes, de quem escolheu o canibalismo como estratégia de sobrevivência. Frisaste, Catalina, “um líder não é um chefe”, deves ter reparado no olhar aterrorizado de alguns “tertulianos” e atacaste o Ghandi e Madre Teresa de Calcutá, outros tipos de violência, que nenhuma mudança se faz sem violência. Ilustraste com a história do Padre Manuel Antunes nas greves de 67. Há quem queira perceber o caso Casa Pia. E então? Pergunta um. Ficar calada ou morrer – relata outra. E tu querias dizer – não desistas, não desistas, que eu bem vi, mas disseste que há pessoas que são mais feitas para calar e outras para falar. Calar, às vezes, também é resistir, foi isso não foi? A mim apetecia-me gritar, não se calem, não se calem.

 Não fazia ideia, mas a tertúlia era um evento da Associação Coração Amarelo, cujo lema énão desistas. 

Obrigada, Catalina. Continuo a aprender muito contigo e, por favor, não desistas.

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