No início da II Guerra Mundial, depois do ataque a Pearl Harbor, assistimos à perseguição, nos Estados Unidos, de cidadãos Americanos de origem Japonesa e ao afastamento compulsivo de famílias enviadas para “campos de internamento”.
Foi o que aconteceu aos avós da autora de “ Quando o Imperador Era Divino “, Julie Otsuka, episódio que a inspirou na feitura do seu primeiro romance.
Trata-se de um livro quase acidental. Comecei por pensar nele como uma história sobre as personagens, não propriamente uma história sobre Nipo-americanos durante a II Guerra Mundial. Refere em entrevista a Kellie Kawano.
Como as crianças percepcionam esta fase da sua vida em que de repente tudo fica para trás, pai, casa, escola, amigos. Como não hesitamos em votar ao ostracismo grupos ou indivíduos que classificamos como “o inimigo”. O que te pode acontecer se deixares de ser politicamente correcto ou como passar a ser persona non grata de um dia para o outro. O ponto de vista de dois irmãos, a quem os colegas de escola evitam, a crueldade inocente do mundo infantil.
Bill Robinson considera que o romance perde alguma força, sobretudo no último capítulo, quando Julie Otsuka se deixa levar e não resiste a pôr em causa a sociedade americana, denunciando o sentimento anti-japonês que grassava na América do Norte.
De facto devemos deixar-nos levar por algumas denúncias. Não se trata de ser ou não ser anti--americano, mas anti-comportamentos discriminatórios ou de injustiça que todos nós, em pânico, somos capazes de manifestar, sobretudo em cenários de guerra, quer no campo de batalha quer na retaguarda.
Os japoneses na América da II guerra mundial, os judeus, alemães, e não só, de todos os tempos e lugares, os muçulmanos de hoje ou amanhã, quem sabe quando chegará a tua vez, como lembra Brecht.
E porque também nós tivemos a nossa guerra, os nossos escravos, esse caminho longo para S.Tomé, que nos canta tão eloquentemente Cesária Évora, convém não esquecer as palavras de Julie Otsuka:
“ A Guerra foi um episódio devastador para todos os daquela geração. E penso que a tarefa principal, depois da guerra, consistiu em prosseguir a sua vida, sem se ficar pela dor ou a perda.”
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