junho 09, 2016

Praça do Império - Quem não quer ser lobo...


Tenho para mim que qualquer enunciado, no papel, na tela ou na pedra pertence a quem se dirige. No caso do livro, ao leitor. É ele quem vai sentir a seu modo o que leu. Não compete ao autor dar explicações. Quem lê, lê o que a sua alma alcançar.

 Este blogue é um sítio em que autora não pretende fazer crítica literária, apenas dar fé de impressões que lhe vão ficando do que lê.

Quanto ao crítico literário, o que se embrenhou pela literatura com o objectivo de abrir (ou fechar?) o caminho de quem lê, esse tem outras obrigações. Grande parte dos leitores tem em conta as opiniões dessa figura enigmática e poderosa, guia dos mercados da arte. Tal como o crítico de cinema não conhece apenas telenovelas, o crítico das letras tem de saber do que fala.

  Em Praça do Império o leit motiv está nas pessoas, as suas dúvidas, o seu crescimento, os seus avanços e recuos, uma tentativa de entender o Homem e a sua circunstância, as suas contradições.
Decidiu a minha amiga escrever uma crítica. Tal como já tinha tentado ser música, cantora, escritora (insistindo com os amigos para que lessem, alguns caridosamente se eximindo de revelar tudo o que pensavam, tentando dar achegas construtivas, pelo menos para que a prosa fizesse algum sentido) envereda agora pela crítica literária.
Uma forma inovadora de crítica- a intriga. Inicia o texto crítico com um desabafo, incompreensível para quem não esteja a par dos factos. No primeiro parágrafo fala da razão pela qual tinha decidido não ler o livro, tendo-o comprado por obrigação. Pelo que, chegada a casa o terá atirado para o canto mais recôndito da estante. Talvez o desejo de o queimar na fogueira? A razão- não ter feito parte da lista de agradecimentos a que a autora chamara «fontes de adrenalina».

Esta ecléctica criatura, que se julga capaz de tantas artes e confessa ter grande admiração pelos famosos, todos eles, decidiu apresentar-se no lançamento de Praça do Império para agredir a autora – Apesar de não fazer parte das tuas fontes de adrenalina- disse- assina aqui. Expliquei que não, realmente não tinha feito parte. Poucos dias antes tinha a senhora estado com o livro na mão, lendo e relendo a página onde constam as pessoas que tiveram o trabalho de ler e dar opiniões construtivas. Não, não tinha sido o caso.
Desconhece a minha amiga que, de um modo geral, um crítico se exime de contar todo o romance. De desvendar as surpresas reservadas ao leitor. Pois para ela essa consideração também não existe.
A autora da crítica relata em cinco páginas, uma no cravo outra na ferradura, que o que a leitura lhe suscitou terá sido uma sensação semelhante à de quando leu Saramago; por outro lado confessa não ter entendido quase nada.
 Há páginas onde é preciso espreitar portas entreabertas pelos autores. Nem todos as vislumbram.
Diz ela que leu o romance duas vezes- pois deve lê-lo novamente.

( continua nos próximos capítulos)



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