março 19, 2011

o japão e as palavras

Há palavras que é melhor não pronunciar.
Nomes de deuses que é proibido nomear. Como a palavra morte, essa deusa que acaba por nos livrar do mal amen.

Palavras proibidas e outras deixadas para trás, em épocas muito remotas. Palavras que preferíamos encerrar em gavetas, para sempre. Como as palavras preto, cheira a catinga ou deutsche schwein. Que despoletam expressões lagarto, lagarto, cruzes canhoto, vade retro. Coisas que dizemos em latim, para atenuar, como se o latim ajudasse ao eufemismo. Quando não queremos admitir a gravidade de uma discussão, dizemos que houve um qui pro quo, um ligeiro qui pro quo.

 Eu acredito na força das palavras, para o bem e para o mal.

 Neste caso, no silêncio do povo japonês. Faz-me lembrar a palavra maresia.

1 comentário:

  1. Admiravelmente silencioso e digno,o povo devastado,metáfora..........é uma calma maresia!


    Metáfora

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