dezembro 22, 2010

camus e as escolhas

                                                  In, O silêncio dos Livros



Ora vá-se lá saber , porquê um livro e não outro.

Sou daquelas que gosta de ser apanhada de surpresa por um filme ou um autor. Foi o que me aconteceu com Camus, de quem tinha envirginado, por falta de memória, de cuja obra ,O Estrangeiro, nada mais que o título e uma certa idéia de solidão ,me restava. Impressão provavelmente nada real, ainda menos ciêntífica, uma dessas mastigações da memória que cuspimos de vez em quando.

O que me levou a pegar em O Primeiro Homem, foi, a bem da verdade, o título,que me fez recordar uma pergunta da minha filha, já mais que farta de ouvir a mãe berrar em cima de um texto de Artaud,  enquanto se fazia o jantar - Oh, mãe mas afinal quem é o primeiro homem, questionava ela a hipótese de um primeiro homem, antes de uma primeira mãe, vejam como continuam irresolúveis as nossas perguntas da infância. As cozinhas sempre foram grandes escolas de vida.
 Seduziu-me, além do mais, o ter constatado que se tratava de uma obra, cujo texto fora estabelecido com base no manuscrito encontrado na sacola do autor em 1960, só publicado em 1994, 34 anos depois da sua morte. “A obra em que Albert Camus trabalhava no momento da sua morte”,leio na contra-capa. A reprodução de alguns manuscritos cheios de notas à margem, é a cereja em cima do bolo a que não consigo resistir – Eu ia portanto desvendar o fascinante mistério: o que está por detrás do texto, todo o trabalho de escrever e reescrever, os planos e notas que edificam a estrutura da obra, o segredo, a fórmula da aceitação e do sucesso. E observo - olha, ele aqui teve dúvidas; mais à frente uma anotação – "voltar aqui" - ele deve pensar que às vezes não consegue acompanhar a torrente do pensamento, as associações associadas, as imagens, as emoções que o assaltam quando escreve.
Mas fiquei presa, mais do que a essa descoberta ou procura, a tudo o resto, porque é que não lhe quero chamar narrativa? Porque esta palavra não serve, é curta para o sofrimento, para a raiva e as lágrimas  do jovem Jacques que nos impelem por aquela leitura adiante, por esse rio acima, e deixamos para mais tarde os Anexos, os Folhetos e as Cartas. 

As armadilhas das palavras, dos sentidos.



3 comentários:

  1. Camus no Natal? Yes! Da condição humana, irremediável mas delirante!

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  2. É mesmo, sobretudo nos Natais .

    O post acima tb é para ti.

    bj da avó

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  3. Albert Camus,escritor francês,nascido na Argélia,blá,blá,blá...............
    Li,não entendi,reli,renão entendi,treli,entendi,esqueci,uf.....o tal de Camus!
    Adoro blogar(?????)consigo!

    Bloger

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